terça-feira, agosto 3

NANOPARTÍCULAS DE DIÓXIDO DE TITANIO NOS COSMÉTICOS



Pode danificar o ADN:Um estudo realizado por cientistas do Jonson Comprehensive Cancer Center de la UCLA (nos Estados Unidos) demostrou que as nanopartículas de dióxido de titanio (TiO2) presentes nos produtos comuns, como cosméticos e bronzeadores, causam dano genético sistémico em ratos.

Segundo os cientistas, estas nanopartículas induzem a rupturas no tecido do ADN e tambem causam dano cromosómico e inflamação, assím como aumentam o risco de cancro nos animais. Este estudo é o primeiro que demostra que as nanopartículas podem ter efeito nocivo.

Os problemas que geram, explicam os investigadores, devem-se a que as nanopartículas se acumulam em diversos orgãos porque o corpo não conta como meio efectivo para as eliminar. Por serem tão pequenas, podem ir a qualquer parte do corpo, incluindo atravessar as células, cujo interior interfere com mecanismos subcelulares.

Até agora, acreditava-se que as nanopartículas não eram tóxicas porque não produzíam reacções químicas. Não obstante, esta descoberta faz alerta do seu perigo.

Podem prejudicar o meio ambiente:Uma equipa de investigadores dos Estados Unidos comunicou que as nanopartículas que se estão a juntar á composição dos cosméticos, dos filtros solares e a centenas de outros produtos de cuidado pessoal podem ser prejudiciais para o meio ambiente, e para o comprovar utilizaram microbios aquáticos como “sinal de alerta”. A informação foi apresentada no 237º Encontro Nacional da Sociedade Química Americana.

Há centenas de productos no mercado que utilizam partículas microscópicas de aproximadamente 1/5.000 vezes o diametro de um cabelo humano. Além disso muitos mais produtos estão na lista, razão pela qual os cientistas estão a tratar de evitar de antemão efeitos indesejados sobre a saúde e o meio ambiente. Assim o reflecte uma das quase duas dezenas de comunicações apresentadas no 237º Encontro Nacional da Sociedade Química Americana, na qual os cientistas debateram sobre os efeitos meio ambientais e sobre a saúde humana da nanotecnologia.

O estudo, realizado por Cyndee Gruden e Olga Mileyeva-Biebesheimer da Universidade de Toledo (Ohio), centrou-se nas partículas de nano-dióxido de titanio (nano-TiO2) presentes em cosméticos, filtros solares e outros produtos de higiene pessoal. As partículas são adicionadas a esses produtos pelos seus efeitos extremamente benéficos na hora de proteger dos raios ultravioletas da luz solar. A exposição excessiva a esta luz solar pode causar o envelhecimento prematuro da pele, para além do cancro da pele.

Gruden explica que as partículas desaparecem pelas canalizações das casas depois do banho pessoal e acabam nas estações de tratamento municipais. A partir daí, vão para os lagos,os ríos e outras fontes de água nas quais os microorganismos desempenham um papel fundamental na hora de manter o meio ambiente saudável.

“Quando chegam a um lago, ¿o que acontece?”, pergunta Gruden. “¿Penetram no organismo ou unem-se a ele? Talvez o matem,ou não tenham nada a ver com ele. Estas são perguntas importantes para determinar os efeitos que podem ter as nanopartículas no meio ambiente. Na actualidade, não temos certeza nenhuma das respostas”.

Gruden estudou a sobrevivencia da bacteria Escherichia coli (E. coli) quando se expõe nas culturas de laboratorio a diversas quantidades de nano-TiO2. A investigadora encontrou reduções surprendentemente elevadas na sobrevivencia das amostras expostas a pequenas concentrações de nanopartículas durante menos de uma hora. “Surpreendeu-me o efeito rápido”, afirma. Isso abre a porta a outras investigações no futuro, incluindo estudos para determinar se nos arredores naturais se produzem os mesmos efeitos.

O método de Gruden para identificar o dano produzido pelas nanopartículas utiliza a fluorescencia para identificar em que momento a membrana celular dos microbios é danificada. Quando as membranas, que são uma parte decisiva do microbio, sofrem dano, as células emitem um ténuo brilho vermelho. “Os métodos baseados na fluorescencia permitem-nos obter resultados mais rápido, e talvez com uma maior sensibilidade”, afirma, acrescentando que esta exposição poderia acelerar os esforços científicos para comprender o umbral em que as nanopartículas se tornam tóxicas para os micróbios.

Num segundo estudo sobre nanotoxicidade neste Encontro Nacional da SQA, cientistas da Utah (EE UU) descreveram o desenvolvimento de um novo biosensor que lança partículas como uma luz quando detecta nanopartículas à volta.

Anne Anderson e os seus companheiros da Universidade do Estado de Utah e da Universidade de Utah introduziram genes no corpo de Pseudomonas putida (P. putida) -un microbio benéfico para a terra- de forma que emita luz quando entra em contacto com nanopartículas de metais pesados. No seu estado são normal, a bacteria brilha com intensidade. Este brilho debilita-se com a exposição a sustâncias tóxicas.

“A novidade do biosensor é que somos capazes de conseguir respostas muito, muito rapidamente”, afirma, e podemos conseguir essas respostas na ausência de outros factores que poderiam unir-se aos compostos problemáticos”. Anderson assinala que as exposições tradicionais na hora de medir o crescimento celular bacteriano pode levar dois días. “Num abrir e fechar de olhos pode ver-se como algumas destas coisas têm lugar”, indica.

No grupo de Anderson foi descoberto que a Pseudomonas putida, não tolera as nanopartículas de prata, de óxido de cobre nem de óxido de zinco. A toxicidade produziu-se a níveis tão baixos como uns microgramas por litro. Isso equivale a dois ou três gotas de água numa piscina olímpica. Anderson adverte que isto poderia representar um perigo para a vida aquática. “Se repararem no nível de risco do cobre para os peixes e para outros organismos aquáticos da Agencia de Protecção Meio ambiental, está nesse ponto de toxicidade”.

Anderson afirma que existe um grande debate na comunidade científica sobre a toxicidade das nanopartículas. Alguns cientistas creem que as nanopartículas da natureza são adicionados ou unem-se à lama e/ou a outra matéria orgânica, reduzindo enormemente a sua toxicidade. “Não sabemos se isso é verdade ou não”, indica.De maneira que outros membros deste grupo de investigação de Utah já estão a investigar esse aspecto da questão.
Embora no último exemplo seja o público o responsável de compreender os riscos dos produtos de consumo, afirma Gruden, a ciencia desempenha um grande papel na hora de destacar os possíveis riscos. “O trabalho dos cientistas é realizar uma boa investigação e deixar que as particulas falem por si sós”, indica, e até ao momento as promessas da nanotecnología exigem maior avaliação. “Nos dias de hoje não está claro se os beneficios da nanotecnología superam os riscos que se associam à libertação do meio ambiente e à exposição das nanopartículas”, conclui a investigadora.

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